A Coreia do Sul recordava, neste sábado (5), com vigílias, as 156 pessoas mortas durante a aglomeração mortal ocorrida numa festa de Halloween no fim de semana passado.
As vítimas, em sua maioria jovens, se reuniram no agitado bairro de vida noturna de Itaewon, em Seul, junto com cerca de 100.000 pessoas para celebrar a primeira festa de Halloween após a pandemia.
As autoridades sul-coreanas reconheceram que não houve planejamento suficiente para garantir a segurança de tal multidão, e a oposição acusou o governo do presidente Yoon Suk-yeol de não assumir a responsabilidade pelo desastre.
Exemplo desta indignação, uma mulher, identificada pela mídia local como mãe de uma das vítimas, destruiu na sexta-feira (4) a coroa de flores colocada pelo presidente e prefeito de Seul no memorial erguido após a tragédia.
“Qual é o sentido dessas flores se elas não podem proteger (nossos filhos)? Pensem nisso”, disse a mulher, que aparece em imagens transmitidas pela televisão local.
“Qual é o sentido disso (as coroas fúnebres) quando deixam nossos filhos morrer?”, acrescentou, antes de a polícia afastá-la do memorial, localizado na prefeitura de Seul.
Tanto o presidente Yoon quanto outros funcionários do governo, como o chefe da Polícia Nacional e o ministro do Interior, pediram desculpas.
“Como presidente responsável pela vida e segurança da população, estou profundamente triste”, declarou.
“Sei que nosso governo e eu (…) temos uma enorme responsabilidade de garantir que essa tragédia não aconteça novamente.”
Investigação
Yoon, do conservador Partido do Poder Popular, enfrenta um recorde mínimo de aprovação desde que assumiu o cargo em maio.
E agora, seus adversários tentam enfraquecer ainda mais seu governo por causa da tragédia de Halloween.
Um grupo cívico ligado ao principal partido da oposição organizou vigílias em todo o país na noite deste sábado, incluindo em cidades como Seul, Busan, Gwangju e Jeju.
Os manifestantes carregavam faixas e gritavam palavras de ordem pedindo que “Yoon Suk-yeol renuncie”.
No bairro de Itaewon, onde ocorreu a tragédia, em meio a um oceano de homenagens às vítimas, várias mensagens foram deixadas.
Uma dizia: “Da próxima vez, não vamos deixar você nos deixar”. E outra: “Nunca vou te esquecer”.
“Não posso acreditar que pessoas da minha idade morreram porque queriam se divertir no Halloween”, comentou Park Tae-hoon, de 29 anos, um dos organizadores de um comício de jovens e membro do partido político progressista Jinbo.
“Foi só ontem que o presidente se desculpou”, disse à AFP, lembrando que o objetivo da marcha era pedir punição para os responsáveis e medidas para evitar futuras tragédias.
A Coreia do Sul declarou luto nacional até sábado, durante o qual as bandeiras foram hasteadas a meio mastro e os eventos de entretenimento foram cancelados.
O escrutínio público sobre como a multidão foi administrada está se intensificando e uma extensa investigação está em andamento para estabelecer a causa exata da tragédia.
Na ausência de um organizador da festa, o governo não pediu que bares, boates e restaurantes, alguns localizados em vielas estreitas de Itaewon, apresentassem um plano de segurança.
E embora a polícia tenha estimado o comparecimento em 100.000 com antecedência, enviou apenas 137 policiais, enquanto outros 6.500 foram mobilizados em outros lugares em Seul para um protesto antigoverno muito menos lotado.
Veja imagens do tumulto que levou à morte de 156 pessoas