As coisas continuam muito apertadas no Twitter. Em um e-mail enviado à meia-noite de quarta-feira (16), Elon Musk deu um ultimato aos funcionários, afirmando que aqueles que não se comprometerem com o novo ritmo “extremamente hardcore” de trabalho da empresa estão livres para sair e receber três meses de indenização.
“Se você tem certeza de que quer fazer parte do novo Twitter, clique sim no link abaixo”, dizia a mensagem revelada pelo jornal Washington Post, que continha um formulário no final. O prazo para concordar com “longas horas [de trabalho] de alta intensidade” era até às 17h.
O gesto é mais uma mostra das mudanças internas dentro do Twitter, desde que foi comprado pelo bilionário, também dono da montadora Tesla e da fabricante de equipamentos espaciais SpaceX. Há alguns dias, uma diretora de produtos da plataforma foi fotografada dormindo dentro da sede da companhia e disse que os prazos devem ficar cada vez mais apertados por lá.
A pressão por um ritmo de trabalho intenso ocorre após a empresa demitir ao menos 50% da força de trabalho — parte dela, por engano, enquanto outros se demitiram por divergências. E também ocorre em meio ao que Musk chamou de “Twitter 2.0”, gerenciado por engenheiros, em conjunto com “aqueles que escrevem ótimos códigos”.
ASSISTA: Quase metade dos funcionários do Twitter já foram demitidos por Elon Musk
“O design e o gerenciamento de produtos ainda serão muito importantes e se reportarão a mim, mas aqueles que escrevem ótimos códigos constituirão a maioria de nossa equipe e terão maior influência”, diz a mensagem.
Segundo analistas, as demissões massivas podem causar problemas técnicos sérios à plataforma. Em entrevista ao site Technology Review, o engenheiro de confiabilidade Ben Krueger, que possui 20 anos de experiência na área, afirmou que a rede social “pode simplesmente quebrar” por não ser capaz de manter seus diversos sistemas funcionando de forma confiável.
Ele observa que boa parte da equipe responsável por manter o código da rede social funcionando como deve foi demitida, o que pode, aos poucos, fazer com que diversas funções simplesmente parem de funcionar como deveriam.
“As coisas irão quebrar de maneiras mais severas. Tudo vai se acumular até que, eventualmente, [a rede social] não seja utilizável”, argumenta Ben Krueger.
Início conturbado
O primeiro produto lançado pela administração de Elon Musk já enfrentou sérios problemas após um lançamento apressado.
O Blue Verified garante um selo azul de verificação de contas, mediante uma assinatura de US$ 7,99 (R$ 43,15). A nova função foi adiada depos de uma primeira tentativa, após diversas contas de paródia que se passaram por perfis empresariais legítimos causaram pânico na rede social.
No caso mais famoso, um perfil falso da farmacêutica Eli Lilly anunciou que a insulina agora seria distribuída gratuitamente — no mesmo dia, a empresa teve uma queda de US$ 15 bilhões (R$ 81 bilhões) no valor de mercado.
Personalidades como George Bush e LeBron James também foram alvo de perfis falsos. Empresas como General Motors e Volkswagen suspenderam sua publicidade no Twitter até que fique mais claro para onde a empresa está indo em matéria de conteúdo.
“O relançamento do Blue Verified está sendo adiado para 29 de novembro para garantir que seja sólido como uma rocha”, tuitou o bilionário, sem dar mais detalhes da mudança.
A confusão generalizada fez a rede social adicionar um segundo selo, cinza e posicionado abaixo da @ do perfil, que indica que a conta é “oficial”.
Todos esses problemas resultam em mais pressão financeira para o Twitter, que segundo Musk, perde “US$ 4 milhões” por dia.
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