Doha, Catar
O Brasil respeita a Croácia, sabe muito bem o potencial do toque de bola envolvente do time de Modric, melhor do mundo em 2018.
Assim como também reconhece que a Holanda renasceu nas mãos experientes do técnico Van Gaal.
Mas há uma sede silenciosa, vontade que não será tornada pública de ter uma equipe pela frente na semifinal da Copa do Mundo de 2022, aqui no Catar.
A Argentina.
Se vingar do inimigo íntimo.
O que mais incomoda.
Aquele que impôs a mais incômoda derrota, que Tite e poucos jogadores quiseram assumir. A derrota na final da Copa América, em pleno Maracanã, no ano passado.
Os argentinos fazem questão de repetir entre eles que se tratou de o “Maracanazo, parte dois”. Maracanazo foi como ficou conhecida a derrota do Brasil na final da Copa do Mundo de 1950, para o Uruguai. Também no Maracanã.
O resultado, em julho de 2021, acabou com o jejum de 28 anos sem conquistas dos argentinos. A vitória fez renascer o amor de Lionel Messi com a seleção de seu país. A ligação dos torcedores com o jogador, seis vezes do mundo, que só conseguia vitórias importantes com clubes, ficou muito mais estreita.
Nesta Copa, após as vitórias que levaram o time às quartas-de-final, uma música saiu das arquibancadas e foi até os vestiários, cantadas pelos jogadores. Enaltecendo o ídolo Lionel Messi.
Nasci na Argentina.
Terra de Diego e Lionel
E dos garotos das Malvinas (soldados da guerra)
Que jamais esquecerei
Não posso te explicar
Porque você não vai entender
As finais que perdemos
Quantos anos as chorei
Mas isso se terminou
Porque no Maracanã
A final com os “brasucas”
Papai voltou a ganhar
Muchachos, agora voltamos a sonhar
Quero ganhar a terceira
Quero ser campeão mundial
E a Diego, que lá do céu podemos ver
Com Don Diego e com La Tota (pais de Maradona)
Torcendo por Lionel
Evitar a terceira estrela, o terceiro título mundial da Argentina seria uma motivação a mais.
O possível confronto valerá também para Neymar tentar destronar o seu amigo Messi, já apontado como o possível grande jogador da Copa do Mundo, que aliás será a última, aos 35 anos. Não quer passar pelo mesmo vexame que Cristiano Ronaldo enfrenta, tendo de ficar na reserva do Mundial, porque seu time rende muito mais sem ele.
É uma partida muito desejada.
Até porque o jogo mostrou para Tite o caminho de como disputar essa Copa.
O time sofreu profundas alterações. Jogaram Ederson, Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Renan Lodi; Casemiro, Fred, Lucas Paquetá e Everton Cebolinha; Richarlison e Neymar.
Era uma equipe mais travada, com menos imaginação, menos força no ataque. Com laterais que tiravam o espaço dos jogadores de lado. As trocas para esta Copa foram fundamentais. Alisson recuperou seu lugar, Daniel Alves virou reserva do reserva de Danilo, Alex Sandro virou o dono da lateral esquerda; Fred foi para o banco, Lucas Paquetá recuado, Neymar é, de vez, o grande articulador. Raphinha, Richarlison e Vinicius Junior formam o melhor ataque da Copa.
Em compensação, a Argentina dos Lionel, do técnico Scaloni, e de Messi, se encontrou de vez na festança no Maracanã, com o gol de Di Maria.
A sede de vingança é imensa.
E foi até aumentada com o cancelamento do jogo em Itaquera, pelas Eliminatórias, com a invasão de funcionários da Saúde Pública, no dia 5 de setembro de 2020.
O reencontro sonhado deve acontecer aqui no Catar, pela semifinal da Copa.
Primeiro, lógico, cada um tem de se livrar do seu europeu nas quartas.
Os jogarão amanhã.
Ao meio-dia (de Brasília), 18 horas, aqui no Catar, Brasil e Croácia. E às 16 horas (Brasília), 22 horas, aqui em Doha, Argentina e Holanda.
Os dois grandes rivais da América do Sul se encontraram quatro vezes em Copas. Em 1974, o Brasil venceu por 2 a 1. Em 1978, 0 a 0. Em 1982, vitória brasileira, 3 a 1. Em 1990, desta vez, os argentinos derrotaram os brasileiros, 1 a 0.
Até mesmo o site oficial da Fifa publicou que o futebol vive a expectativa do reencontro dos ‘donos’ do futebol da América do Sul na semifinal da Copa do Mundo.
Chama de “última dança’ de Messi e Neymar.
É o confronto que os brasileiros mais esperam aqui no Catar.
O destino e o futebol dos dois times estão encaminhando para mais esse tira-teima.
Mas cada um tem de fazer sua parte amanhã.
Para o grande reencontro na terça-feira, no estadio Lusail.
Valendo uma vaga para final da Copa do Mundo de 2022…