Mesmo após meses de ‘flexibilização’ das regras de mobilidade social, a opção pelo trabalho remoto ou ‘home office’ continua em alta, cujo rendimento supera em 53% o modelo presencial, mesmo após dois anos da crise sanitária deflagrada pelo surto pandêmico.
É o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo a qual o valor médio do rendimento dos brasileiros sob o regime do ‘home office’ (aproximadamente 6,53 milhões de pessoas), no terceiro trimestre deste ano (3T22) chegou a R$ 3.009,99 – segundo maior em quatro anos, só atrás do registrado no segundo trimestre do ano passado (2T121), que atingiu R$ 3.052,45.
Essas conclusões fazem parte do levantamento realizado, com base na Pnad, pelo economista da LCA Consultores, Bruno Imaizumi, para quem a prevalência do modo remoto sobre o presencial tem-se acentuado desde o primeiro trimestre de 2018, ano em que o instituto passou a fazer a divulgação de números relativos ao trabalho home office no país. Tal tendência, porém, se consolidou a partir do segundo trimestre de 2021 (2T21).
Em outros comparativos, o crescimento de rendimento pelo modelo remoto é constante: aumento de 66% ante o terceiro trimestre de 2018 (3T18); avanço de 56,5% ante o terceiro trimestre de 2019 (3T19); alta de 29,4% para o terceiro trimestre de 2020 (3T20) e alta de 4% para o terceiro trimestre do ano passado (3T21).
No que se refere à massa salarial, os aumentos percentuais dos rendimentos dos trabalhadores remotos são ainda mais significativos:
Levando em conta como base uma massa de rendimento real (montante de rendimentos recebidos) por todos os trabalhadores remotos totalizou R$ 19,64 bilhões no 3T22, o maior em quatro anos, conclui-se que houve alta de:
»192% em relação ao 3T18 (R$ 6,72 bilhões),
»135% para o 3T19 (R$ 8,36 bilhões),
»77% em relação ao 3T20 (R$ 11,1 bilhões),
»4,3% ante o 3T21 (R$ 18,8 bilhões).
Se comparado com o primeiro trimestre de 2020 (1T20), que apurou uma massa de rendimento real de R$ 8,5 bilhões, o avanço é de 130,6%.
Na avaliação de Imauzumi, “o pós-pandemia mudou o perfil das pessoas que trabalham remotamente. Está associado sobretudo a pessoas mais qualificadas e, consequentemente, melhor remuneradas, principalmente em atividades em que a presença física não é exigida, como em áreas de tecnologia, atividades financeiras, informação e comunicação”.